Dicas Úteis e Necessárias à qualquer Artesã - Artesanato: uma atividade séria

Mais uma dica super legal para quem quem transformar o artesanato em renda ou melhor quem quer viver do artesanato. 

Para quem já trabalha com isso a algum tempo conhece as muitas dificuldades que uma Artesã passa até poder transformar o prazer em criar no seu ganha a pão, mais para quem tem talento e perseverança vale muito apena ariscar, plantar e esperar colher como tudo na vida.

Artigo do Blog Artesanato do Sebrae

Mauricio Tedeschi

 O artesanato como atividade econômica tem características bem peculiares que o distingue de outros setores produtivos. Mas, para se profissionalizar, os artesãos devem seguir os mesmos princípios de gestão que regem qualquer outro negócio. Antes de tudo, é preciso ter clareza sobre o que produz e qual é o mercado comprador potencial. Essa busca de informações pode evoluir para uma pesquisa de mercado, conforme a dimensão do empreendimento. Um erro muito comum é querer fazer “um pouco de tudo”. O ideal é focar em coleções de produtos que demonstrem maior potencial de mercado.

A partir daí, é necessário pensar na formalização. Existem figuras jurídicas apropriadas para cada negócio, de acordo com o número de pessoas envolvidas, expectativa de faturamento, etc. Para quem está iniciando, uma ótima opção é se formalizar como Empreendedor Individual, que dá direito a ter um CNPJ, a emitir nota fiscal e obter linhas especiais de financiamento, além de vários benefícios previdenciários, como salário-maternidade, auxílio-doença e aposentadoria.

No que se refere à organização produtiva, é necessário definir responsabilidades, criar rotinas, preparar o layout da oficina ou ateliê, calcular o tempo de produção de cada peça e planejar a compra ou o manejo da matéria-prima necessária. Associar-se pode ser uma boa estratégia para ganhar escala e conseguir atender pedidos maiores sem ter que manter uma grande estrutura.

Com relação ao produto, é importante saber que, de modo geral, um artesanato valorizado é aquele que – além de qualidade – possui algum vínculo com a cultura e o território que ele representa. Isso pode ser obtido por meio da aplicação de elementos iconográficos (símbolos que remetem à identidade da região) e pela utilização de matéria-prima local.

O artesão também deve estar ciente de que seu produto não é apenas a peça produzida manualmente, mas todos os aspectos que o envolvem. É o chamado “valor intangível”. É preciso comunicar esse valor, contando a história do produto e de quem o produziu, seja nas etiquetas, nos catálogos e até nas embalagens – que, além de valorizar as peças, devem ser capazes de protegê-las durante o transporte.

No artesanato a tradição é algo muito presente, a inovação também se mostra essencial. Muitos artesãos costumam se queixar – quando vão a feiras e encontros comerciais – de que os compradores são sempre os mesmos, mas eles também devem refletir se estão trazendo novidades em seus catálogos. A inovação pode se dar ainda na organização produtiva, no tratamento da matéria-prima e nas ferramentas e nos equipamentos utilizados. Nesse contexto, parcerias com designers e instituições de ensino e pesquisa costumam apresentar excelentes resultados.

A comercialização do artesanato é tradicionalmente vinculada a feiras, mas a participação nesses eventos não pode ser vista como algo banal. Além de levar material de divulgação, catálogo de produtos, cartões de apresentação e tabela de preços, é muito importante entender que esses eventos valem mais pelos contatos (que vão gerar relações comerciais futuras) do que propriamente pelas vendas realizadas no varejo. Nessas relações, espera-se que o artesão tenha um comportamento profissional e cumpra todos os prazos e condições acertadas nas negociações.

Para quem pensa em ter no artesanato um meio de vida, é importante saber que talento e criatividade são fundamentais, mas não bastam para que a atividade seja economicamente viável. O artesão deve se enxergar como um empresário e compreender que uma gestão profissional é a base para a sustentabilidade do negócio.